O Cais do Ginjal, na Freguesia de Cacilhas (Almada), observa nostálgico o fervilhar da capital à sua frente e resiste ao desenvolvimento urbanístico de Almada nas suas costas.
A grande mudança deu-se em 1966 - aquando a inauguração da ponte 25 de Abril. Antes, cacilheiros e outros barcos (de transportes de pessoas e mercadorias) atracavam no cais e animavam a vida deste pedaço de terra a "paredes meias" com o rio. Ainda se podem ver os armazéns que abrigaram vários tipos de comércio (de vinho, de conserva, destilarias, tinturarias) e onde estavam sediados os estaleiros navais. Hoje as paredes estão descascadas, sem cor, e alguns prédios ameaçam cair. O corrimão que acompanha o estreito passeio dá pouca segurança e não convida ao encosto. O silêncio é reinante e os olhares furtivos e curiosos daqueles que ainda lá moram compõem o ambiente.
O potencial turístico do Cais está em frente aos olhos e o seu mau aproveitamento denuncia uma gestão urbanística difícil ou menos adequada. Ainda assim, resistem dois restaurantes (que beneficiam de uma vista privilegiada sobre a cidade de Lisboa) e o miradouro (ao qual se acede através do elevador).
O Ginjal tem uma alma e um tempo muito próprios que, não sendo descaracterizados, pedem um olhar mais atento.
K
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