31/08/2009

Meus Projectos: Alentejo d'Água

     A barragem do Alqueva mudou muito a paisagem alentejana. Antes, as oliveiras quebravam a monotonia do amarelo torrado. Hoje, o azul dá água, espelho do céu, inundou a terra e fez dos montes ilhas.


     Estrela, Mourão, Luz...pequenas aldeias e vilas que olham para o maior lago artificial da Europa com esperança que este contribua para o desenvolvimento da região. Quem gere e explora o Alqueva é o EDIA - empresa criada de propósito para isso. Até agora, os parques de merendas e as marinas improvisadas soam a pouco - apesar de na base estar o conceito de desenvolvimento sustentável. Aqueles que para lá de Évora enfrentam o calor abrasador para desfrutar da paisagem, depressa imaginam a quantidade de formas de explorar (no campo turístico e agrícola) este espaço criado pela força do betão. Todavia, não há grandes empreendimentos turísticos, a venda e promoção de passeios de barco é pouco expressiva e, contam os locais, a água é imprópria para consumo. Afinal, Alqueva, que mais se pode esperar de ti?



     Todavia, aqui, nestas terras, longe dos grandes aglomerados, encontra-se um lugar que convida ao descanso e ao convívio. Antes de mais, largue o carro e dê corda aos sapatos porque a todo lado se vai a pé. Sopa da panela, sopa de cação, migas, borrego e porco preto. Come-se bem e descansa-se tarde dentro, porque o trabalho no campo cessou às dez da manhã e só se retoma às cinco. O calor não deixa labutar. A cerveja desce gelada e as piscinas enchem-se de miúdos e graúdos. Quem não quer refrescar a pele ou trabalhar para o bronzeado trigueiro vai para o lago pescar achegãs. Peixinho de águas doces que quando bem salgado é um pitéu tanto frito como assado. As pessoas são recebidas com um sorriso e convidadas a sentarem-se, na rua, à fresquinha, para dois dedos de conversa noite dentro. Em dia de festa largam-se vacas novas na praça de touros e os rapazes afoitos desafiam-nas correndo, tentando não escorregar na espuma e lama em que a praça está regada. Por fim, quando a moleza incita o sono, adormece-se nos lençóis frescos de janela aberta ou ventoinha ligada, esperando um inverno tão rigoroso quanto o presente verão.


K

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